(CRONICA
HISTÓRICA)
No principio da formação de
Retiro – Hoje Palestina, Vivia-se miseravelmente á base de pobreza, fome e
analfabetismo, sem nenhuma assistência de qualquer governo. As cacimbas do
Farias, do Pau ferro e do mari (distante mais de uma légua) forneciam
sofrivelmente um pouco d’água. Era tanta gente a depender da pouca água
escassa, que logo acabava. O tanque de Manoel Januário de Carvalho (1842-1922)
Tinha um minador e dentro do mesmo um monte de Sapos defecando e urinando na
água que minava lentamente. Fazia-se um fila de pessoas com potes para apanhar
água com um caco de côco ou talvez apanhava-se a urina dos sapos. O senhor Herondino Rodrigues de
Carvalho (1903-1984) rabequeiro habilidoso e afamado, usava barba grande e
vestia roupas grossas feitas de sacos de açúcar, muitas vezes saía pitando seu
cachimbo em busca de água na cacimba do Farias na passagem de Poço da volta
para Poço grande. Numa das ocasiões a
cacimba de Poço da volta tinha pouca água e muita gente ao seu redor esperando
horas para encher um pote, impaciente o senhor Herondino resolve não mais
esperar e vai para a lagoa de Santiago, buscar seu pote d’água, a mais de três léguas
de Palestina tropeçante de fome, Herondino se aproxima de casa; e, no terreiro
de casa dá uma topada e o pote se quebra cheio de água boa do rio, que
desgraça! Nesse dia então, foi um clamor, sem água e sem pote na casa de sua madrasta dona Emília de Carvalho
(1892-1971) com seu vestido de chita
todo cheio de remendo a ponto de não se reconhecer mais o tecido original. Nos
tempos ruins comia-se frutos de mandacaru, juá,Umbu, Ouricuri, era um luxo.
Quando plantava-se um roçado de milho e feijão cavado a bico de olho de enxada,
A semente grelava no resto de umidade da terra, que logo secava, por conta da
seca que se aproximava; o pouco que fora plantado foi perdido, sem o que se
comer escavava-se a terra cova por cova em busca dos grelos secos que eram
peneirados e comidos, até as cascas secas dos grãos. Mexia-se até as fezes das
pessoas em busca de caroços de milho, quando encontrados eram lavados e pilados
no pilão, para se fazer algum punhado de fubá – o milho muitas vezes era podre,
carunchado. Noutros tempos, dizia-se muito assim.
No retiro,
Não se pode mas passá,
Com o Baco Baco do
pilão.
E a catinga do
fubá!
Preocupante também era a doença
do menino José Rodrigues de carvalho, Zé Pedro (1935), que há quatro anos vivia
chagado de tumores, vivendo debaixo dum balaio elaborado pelo avô, o velho
Josué. O balaio amenizava um pouco a perseguição do enxame de moscas. O menino
só veio a ficar bom depois da chegada de José Ferreira de Melo, Zuza Ourive
(1913-1994) que chamou um médico de
Maceió, o doutor Ruberto que aplicou-lhes umas vacinas seguidas de algumas
injeções. No lugarejo não havia praticamente o que se vender, na casa do senhor
Manoel Avelino dos Santos (1913-2007) via-se pelos pés de paredes alguns sacos
arregaçados com um pouco de farinha de mandioca, milho,feijão e piabas secas e
uma balança para pesar o pouco que se vendia. Retiro agora já era (Feira nova),
Período vivenciado entre 1949 a 1962. Por aqueles tempos o menino Zé de Pedro,
agora já curado ia com o irmão e o pai aos Sábados á tardinha para
Monteirópoles, antiga Guaribas, cada um levando um balaio para trazer cheio de
pães para vender na Feira nova aos Domingos. Chegava-se dessa viajem cansativa
já pelo Domingo de manhã. No tempo de Feira nova, o campo da feira como se
dizia era irregular, não fazia tanto tempo que havia sido um roçado coberto de
palma forrageira e algodão do senhor Firmino Clemente de Carvalho (1876-1967),
Avô de José Rodrigues de Carvalho, Zé de Pedro. José Ferreira de Melo, Zuza
Ourive, teve a iniciativa de expurgar o local da futura feira, reuniu alguns
moradores nos fins de semana e removeu grandes monturos que havia hoje na então
rua do comércio, entre algumas árvores, havia alguns frondosos mulungus, onde a
sua sombra abatia-se animais e pendurava-se para tirar o couro. Para os tais
abnegados trabalhadores voluntários não havia um almoço descente. O que havia
ao meio-dia era uma humilde gentileza da senhora Arabela Paiva (1910-1996)
dando para cada trabalhador não mais que um “pirulito” que a mesma fazia ou
comprava as vezes das moças de seu Luis Juvenal do hotel e, á tardinha ao
largar o serviço cada trabalhador era contemplado com não mais que uma pequena
cocada.
NO
TEMPO DA EMANCIPAÇÃO POLITICA
(O vai e vem estressante do
fundador a Maceió)
No tempo da emancipação política de
Palestina, José Ferreira de Melo, Zuza Ourive o fundador da cidade viveu um período
de incessantes viagens a capital alagoana. O seu chofer José Alves Lisboa,dito Pé de bague (1940)
dirigia um veronez azul escuro ano 1959. Zé de Pedro foi muitas vezes ia pé a Pão
de açúcar comprar uma lata de gasolina no armazém de seu Nozinho Andrade
(1910-1997), ainda tinha que tomar o dinheiro emprestado e trazer a lata de combustível
na cabeça, gastos e mais gastos surgiam e se avolumavam; pequenos empréstimos nunca
foram saldados a populares, como por exemplo o dinheiro de uma junta de boi do
senhor Odilon Vieira de Carvalho (1911-1999) que Zuza Ouvire tomou emprestado
ás vésperas da emancipação política alegando ser para pagar custos cartoriais
do decreto de emancipação. Odilon Vieira, caiu na insolvência por cerca de três anos
pagando juros a agiota de forma bastante sofrida. O terno de linho branco e
único já amarrotado de José Ferreira de Melo, muitas vezes era lavado ás
pressas e enxugado com ferro quente em brasa por Terezinha de Carvalho, Tereza
de Zé de Pedro (1931-1996). Quando José Ferreira de Melo veio conseguir a
emancipação política de Palestina, ficou praticamente de esmolas, seus
empreendimentos tinha acabado e além do mais estava inimigo do arrogante político
Elísio Maia (1914-2001) e a um ano de uma eleição para prefeito em Palestina.
Elísio Maia apresentou candidato em Palestina contra José Ferreira de Melo,
Zuza Ourive e fez pesados investimentos e arrebanhou simpatizantes entre alguns
desafetos de Zuza Ourive estavam as famílias - CABUDO, Parte da família CARVALHO,
nas pessoas de Manoel Avelino dos Santos
(1913-2007), Laurindo Vitorio dos Santos (1898-1963) e Valdemar
Rodrigues de Carvalho (1924-2009). Zuza chegou a se humilhar pedindo o voto
diante de cada eleitor na histórica eleição de
1963. Exclamava dizendo:
-NÃO VOTE
CONTRA MIM, A VOTAR CONTRA MIM; ME MATE QUE EU PERDÔO A MORTE!
A pesar do vexame humilhante José
Ferreira de Melo, dito seu Zuza conseguiu ser eleito ainda com uma larga
vantagem sobre seu adversário que foi o senhor Odilon Cabudo. Num universo de 301 votos
válidos para prefeito, o senhor José Ferreira de Melo foi contemplado com 202
votos e seu opositor 99 votos. A partir da eleição de 1963 para prefeito de
Palestina implantava-se os primórdios da oposição.
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