PRIMÓRDIOS DA EDUCAÇÃO EM PALESTINA-AL
(1895 – 1953 alguns precursores)
Manoel Janúario de Carvalho (1841 – 1922), quando menino estudou em Penedo, aprendeu a ler e escrever, seu filho Josué Rodrigues de Carvalho (1872 – 1947) aprendeu com o próprio pai. Quando ainda jovem Josué organizou um ensino gratuito dentro da pequena localidade de Retiro – hoje Palestina, conseguiu alfabetizar grande parte dos habitantes do lugarejo, que contava na época com cerca de 60 moradores, entre velhos e moços, em construções esparsas de taipas. Este ensino perdurou entre 1895 e 1898.
Francisco Lopes de Souza (1858 – 1935), mais conhecido por “Mestre Chico Beato” veio ensinar em retiro – hoje Palestina a convite do senhor Firmino Clemente de Carvalho (1876 - 1967). O ensino era de caráter particular, cada pai de aluno pagava mensalmente a bacatela de 2.000 réis. Essa escola funcionou na casa do senhor Firmino Clemente. Tinha (15 alunos). O ensino era bastante rígido das 8: 00 horas da manhã ao meio dia e 1:00 hora da tarde as 4:00 horas. Essa escola funcionou de fevereiro de 1918 a junho de 1919. Ensinava-se manuscrito, 1º e 2º livros de aritmética do autor Felisberto de Carvalho. O ultimo dia de ensino da semana era para fazer a “recordação”. Ao termino da aula rezava-se. No período entre 1919 e 1922, mestre Chico Beato ensinou na fazenda São José dos Anjos, a convite do fazendeiro José dos Anjos. Mestre Chico morreu na indigência, cego e esquecido num casebre em meio à densa caatinga da Lagoa da vaca. Mestre Chico era de Pão de Açúcar, levava a vida pelo interior contribuindo com o seu ensino particular, assim viveu toda a sua vida levando luz à escuridão como um verdadeiro profeta acendedor de lampião. Com o fim do ensino do mestre Chico Beato em Retiro alguns alunos se deslocaram para a escola publica do professor João da Silva Gomes em Jacarezinho entre eles: Odilon Vieira de Carvalho (1911 – 1999).
Jovelina de Carvalho, “Morena” para os mais íntimos Mimi (1908 -1989) filha de Manoel Januario de Carvalho e Senhorinha Maria de Carvalho (1873 – 1950). Também quando jovem contribuiu com o seu ensino gratuito. Foi aluna do mestre Chico Beato, aprendeu muito bem a ler e escrever. Teve também a sua escola que funcionou entre os anos de (1928 e 1934). Casou-se com o primo Manoel Avelino dos Santos (1913 – 2007) que inclusive foi seu aluno na juventude. Entre 1930 e 1940 ocorreu um desajuste social em Retiro hoje Palestina, por conta da grande seca de 1932/1933 e o fenômeno do cangaço, a pequena população do lugar perdeu o interesse pelo aprendizado por conta do medo e sofrimento que gerou um desalentamento geral seguido da dispersão de parte dos moradores para outros lugares.
A partir de 1940 com a chegada de José Ferreira de Melo, Zuza Ourive (1913 – 1994), o ensino ganhou mais um pouco de interesse pelo mesmo e população em geral. José Ferreira de Melo passou a se conscientizar juntamente com os moradores da necessidade de escolas e de um ensino regular para a então povoação de Retiro. Zuza Ourive passou a cobrar da administração publica de Pão de Açúcar a melhoria no ensino para os moradores da comunidade. A princípio conseguiu para ser hóspede em Retiro Palestina do senhor Luiz Vieira de Carvalho, (1883 – 1955) a locomoção da professora Pão de Açucarense Leonia Costa, e, em 1952 a construção da antiga escola rural – hoje Escola Estadual Manoel Pereira Filho.
Leonia Costa (1923-) primeira professora nomeada pela administração pública de Pão de Açúcar para o então povoado Retiro – hoje Palestina/AL.
A professora Leonia Costa chegou em Retiro – hoje Palestina/AL, advinda de Pão de açúcar nos idos de 1944 e permaneceu até agosto de 1953, era subvencionada pelo município de Pão de Açúcar. As aulas tinham inicio na terça-feira até aos sábados, dia da “argumentação”.
Existiu alunos de Umburana D’água e Vila Santo Antonio, entre os que se destacaram estão:
_ O Ex-Prefeito José Nogueira de Melo (1939 – 2004) foi aluno assíduo, muito esforçado, mas considerado de pouca cadência para o bom aprendizado.
_ Otoniel Maciel de Carvalho (1941 – 2013) foi aluno de inteligência aguçada, foi tido como o melhor aluno de seu tempo. A professora Leonia Costa foi uma ótima instrutora, que o diga ainda alguns de seus ex-alunos: Miriam de Carvalho (1940-), Floriano José dos Santos (1939-).
O local da escola pertencia ao senhor Aristides Joaquim de Carvalho (1901 – 1968) havia sido uma bodega do mesmo, foi desocupado e alugado a prefeitura de Pão de Açúcar com a mediação do senhor José Ferreira de Melo, Zuza Ourive, e estava localizado na atual rua do comercio. Não havia mobiliário escolar, cada aluno levava de casa, uma cadeira ou um tamborete que era um tipo de assento mais comum na época. A professora tinha na sala uma mesa e uma cadeira. A sala era pequena, não comportava mais que vinte alunos ensinavam-se o famoso “ABC”, português, aritmética, historia e geografia. os alunos eram recrutados a partir dos sete anos de idade e podia ficar até os quatorze anos ou mais; os de melhor condições iam estudar em Pão de Açúcar. O material escolar era pouco e simples, mas a escola não fornecia. A primeira escola publica estadual em Retiro – hoje Palestina/AL, surgiu em outubro de 1952 na gestão do prefeito de Pão de Açúcar João da Silva Maia, “Janjão Maia” (1951-1952). O aluno transportava o material escolar numa malinha de madeira.
Leonia Costa casou-se em 1954 com Virgulino Ferreira e foi embora para o Rio de Janeiro onde ficou por mais de vinte anos. Nos dias atuais aos 92 anos, reside em Pão de Açúcar, sofre de profunda surdez, não teve filhos, vive sob os cuidados de uma cunhada. Ela é mesmo uma daquelas personalidades esquecidas pela alcova da historia. Antes de ensinar em Retiro – hoje Palestina/AL, ensinou em Jacarezinho e Limoeiro interior do município de Pão de Açúcar. Durante o seu tempo de ensino em Palestina, o Estado também passou a atuar com a presença da professora Helena Duarte - uma precursora do ensino estadual em Palestina.
Leonia Costa Ferreira é mesmo a cara de Pão de Açúcar. !!!
Por Marcelo Maciel – pesquisador Colaboração: Prof. Damião Nogueira
Por Marcelo Maciel – pesquisador Colaboração: Prof. Damião Nogueira